sábado, 31 de agosto de 2013

Educação na Floresta , o design das arvores

Com o intuito de aproximar a ciência das crianças que moram na Floresta Nacional de Caxiuanã, o Museu Paraense Emílio Goeldi promove há dois anos a Feira de Ciências das Escolas da Floresta Nacional de Caxiuanã, em parceria com as Prefeituras dos municípios de Portel e Melgaço. A segunda edição ocorrida em 2013 contou com o apoio do Clube de Ciências da Universidade Federal do Pará. A iniciativa estimula as crianças a produzirem trabalhos sobre sua cultura e problemáticas do cotidiano. 

Adotando a mesma temática da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia – Ciência, Saúde e Esporte-, a II Feira de Ciências esteve presente ao longo de cinco dias de junho em seis comunidades pertencentes aos municípios de Portel e Melgaço. A equipe avaliadora percorreu as escolas que ficam no entorno da Estação Científica Ferreira Penna e avaliaram seus projetos. Os melhores trabalhos vão ser apresentados na Olimpíada de Caxiuanã, em outubro. A partir de 2013, a Feira entrou oficialmente no calendário das escolas, como atividade acadêmica regular, e encerrou o primeiro semestre letivo. 
 Dados de trinta anos de pesquisas feitas com 56 tipos de plantas das florestas amazônicas foram reunidos e compilados na publicação “Manual de
 Sementes Florestais do Oeste do Pará: coleta, beneficiamento e análise”. Escrito pelos pesquisadores Everton Almeida, Breno Rayol e Fátima Mekdece, da Universidade Federal do Oeste do Pará – UFOPA, a publicação será lançada no próximo dia 03 de setembro, às 10h, no auditório Paulo Cavalcante, localizado ao Campus de Pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi.

O livro descreve os estudos feitos sobre as características dendrológicas, ecológicas e morfológicas das sementes de espécies florestais nativas da Amazônia, assim como a metodologia utilizada nas análises realizadas pelo Laboratório de Sementes Florestais do Instituto de Biodiversidade e Florestas da Universidade Federal do Oeste do Pará. O objetivo da publicação é, além de divulgar as pesquisas feitas pela UFOPA, incentivar a formação de novos engenheiros florestais e contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas para a Amazônia.

Sobre os autores: 

Profº. M.Sc. Everton Cristo de Almeida: Graduou-se em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural da Amazônia (2003) e Pós-graduação com título de Master Science (MSc.) em Ciências de Florestas Tropicais pelo Instituto de Pesquisas da Amazônia (2008). Trabalhou no Projeto Floresta em Pé (MMA/IBAMA) em Santarém com comunidades no PA Mojú I e II, área de entorno da BR-163 . Tem experiência na área de Manejo de recursos florestais madeireiros e não madeireiros e Manejo de plantio florestal. Atualmente é Professor Assistente II do Instituto de Biodiversidade e Florestas e Coordenador do Laboratório de Sementes Florestais da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).

Profº. M.Sc. Breno Pinto Rayol: Graduou-se em Engenharia Florestal pela Universidade Federal Rural da Amazônia (2003) e mestrado em Botânica Tropical pela Universidade Federal Rural da Amazônia e Museu Paraense Emílio Goeldi (2006). Atualmente é professor da Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA. Tem experiência na área de Manejo e Ecologia de Agrocossistemas (principalmente Sistemas agroflorestais, reflorestamento e florestas secundárias). Desenvolve pesquisas básicas e aplicadas nas áreas de Agroecologia e Tecnologia de sementes e mudas de espécies florestais.

Engª. Florestal Fátima Silva Mekdece: Graduou-se em Engenharia Florestal pela Faculdade de Ciências Agrárias do Pará no ano de 1976 e esteve à frente do Laboratório de Sementes Florestais do Centro de Tecnologia da Madeira (CTM), da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM) em Santarém e permaneceu no laboratório realizando inúmeras pesquisas com sementes florestais e silvicultura na Estação de Silvicultura Tropical de Curuá-Una, com inúmeras publicações nestas linhas de pesquisa. Passou pela transição da SUDAM até o estabelecimento da Universidade Federal do Oeste do Pará, onde se aposentou no ano de 2011.

Como adquirir - O manual pode ser adquirido no valor de R$20,00, pelos telefones (93) 9182-7571, (93) 9189-5097, (93) 9119-6283 e (93) 9217-7561, ou pelo e-mail consflor@gmail.com. Para receber via correios, basta enviar o endereço para o e-mail acima, e o comprovante de depósito na conta CC. 00104084-7, Ag. 003, Banpará. 
Inovar para quê?
Por Carlos Vogt
10/07/2013
O Brasil sabe que precisa inovar e que a inovação é o princípio-chave da capacidade de desenvolvimento e competitividade que precisa adquirir para sair do estado de medianidade a que sua economia chegou e no qual estacionou há uns bons anos.
Como foi dito aqui mesmo na ComCiência, nº 148, de 10 de maio de 2013, para sair do estágio de renda média em que se encontra e passar para a situação de renda alta, que se almeja, o país não pode deixar de fazer a lição aplicada de transformações indispensáveis na educação, nas comunicações físicas, logísticas e virtuais, nos sistemas de tributação, na sua cultura política e administrativa.
Hoje o país é refém de si mesmo: por dentro emperra, por fora vive emperrado.
Talvez a melhor imagem desse emperramento nacional seja dada, na prática e simbolicamente, pelos grandes congestionamentos de caminhões, carregados de grãos da super safra nacional, que engasgam nos gargalos dos portos que não conseguem dar escoamento adequado à maior fonte de riqueza na composição do nosso produto interno bruto. Sem contar que os preços praticados para os mecanismos e as operações de exportação criam mais entraves e dificuldades para somarem-se às tantas outras que palmilham os caminhos desses produtos até o destino de seu desembarque.
Tudo é atravancado, difícil e moroso e, mesmo quando as leis e os incentivos oficiais parecem anunciar aberturas de presteza e agilidade, os resultados acabam em pequenas frestas de luz e em cascatas de burocracia.JPEG - 77,4 kb
Francis Bacon (1909-1992) 
Retrato de Muriel Belcher 
Óleo sobre tela - 165 x 142 cm 
Vendido em Sotheby França 12 de dezembro de 2007 
de 13.700.000 € com taxas por um colecionador 
Norte-americano, a compra de um colecionador europeu 
Foto: Sotheby
Recentemente, a indústria brasileira, através de suas entidades organizacionais, depois de inúmeras constatações de desempenho pífio da economia, chamou a atenção do governo para o isolamento do país em relação às iniciativas de constituição de novos mercados internacionais e para os efeitos constrangedores na economia produzidos pela falta de ações efetivas do país no estabelecimento de acordos bilaterais de comércio sem as amarras e impedimentos a que nos obriga o Mercosul.
Aqui também é preciso inovar, e com urgência, assim como é urgente fazê-lo no plano geral de gestão do público, do privado e de suas relações para a eficiência e a eficácia das políticas públicas voltadas ao desenvolvimento do país.
Qualquer que sejam os indicadores adotados para dar a posição relativa do Brasil quanto ao seu desempenho em inovação tecnológica, o resultado tem sido sempre ruim, como o que se verifica no ranking da escola de negócios IMD Foundation Board (World Competitiveness Yearbook) em que o país aparece, em 2012, em 46º lugar, atrás de Hong Kong, Japão, EUA, Alemanha, Suíça, Cingapura, Coreia do Sul, Suécia, França, mas também de China, Chile, Índia, México, Peru, Malásia, Irlanda, Austrália, Itália, Espanha.
Bom não está, mas pode ficar pior, se não houver uma mudança radical na cultura das relações das forças produtivas da riqueza e do conhecimento em relação ao papel fundamental que a tecnologia e a inovação desempenham no mundo contemporâneo e na competitividade e sucesso das nações nos mercados internacionais e na economia global.
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 John Linnell (1762-1882) 
Rio Kennet perto de Newbury, 1815 
Óleo sobre azulejo - 45,1 x 65,2 centímetros 
Cambridge, Fitzwilliam Museum

Nosso aparato legal para a inovação é já poderoso. É preciso fazê-lo funcionar, levando as empresas a assumirem a liderança que lhes cabe nas dinâmicas inovadoras de processos e produtos e na produção de conhecimento aplicado e aplicável à pesquisa e desenvolvimento, de modo a rompermos os limites do imediatismo da simples reprodução industrial e da voracidade reprodutiva do capital e do lucro.
Inovar é condição para crescer em lucro e riqueza, mas é também, paradoxalmente, a quebra do ritmo da mesmice do círculo, ou do quadrado produção, produto, reprodução, consumo que pode constituir a ilusão – que, no caso, é nossa –, de que o país encontrou o caminho da felicidade social semeada e distribuída pelas políticas assistencialistas que se resultam no bem-estar imediato das populações favorecidas, correm, contudo, o risco de não terem fôlego para permanecerem ativas a longo prazo.
O dispêndio de P&D no país é, pelos dados do IBGE, de 2010, de apenas 1,16% do PIB nacional. Nesse ano, em termos absolutos, o país investiu R$ 43,7 bilhões, dos quais 53% vieram de recursos públicos federais (37%) e estaduais (16%), e 47% de fontes empresariais.
O número de patentes concedidas pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual – INPI, para residentes, ao longo da última década, nunca chegou a mil por ano, sendo que, em 2011, foram concedidas 725 patentes para residentes e 3.076 para não-residentes.
O percentual de empresas que implementam inovações de produto é de 23.7% e, de processo, 32.1%, sendo que, em 2008, a taxa de inovação na indústria era de 38.1% e, em serviços, 46.5%.
Os números não são bons quando comparados com os indicadores de países que têm posição de real destaque, em tecnologia e inovação no cenário mundial. E prometem piorar, quando se considera a inovação tecnológica no país, não do ponto de vista incremental, mas do ponto de vista da efetiva invenção do novo para a criação de novos produtos, processos e serviços para o mercado global.
Faltaria ao Brasil traços de cultura técnica e científica cuja ausência explicaria a nossa falta de apetite para a inovação?
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 Adolphe-Victor Geoffroy-Dechaume (1816-1892) 
A filha de Niobe de 1875 
Gesso - 23,5 x 40 x 22 cm 
Paris, Cidade da Arquitetura e do Patrimônio 
Foto: Didier Rykner

Que traços, então, seriam esses? A inovação depende, de um lado, da cultura tecnológica, propriamente dita, do país, e, de outro, da cultura para a tecnologia, que cria as condições gerais de propensão para inovar.
São esses os dois traços que caracterizam a, cultura tecnocientífica de um país: a capacidade estrutural para inovar e a propensão cultural para a inovação.
Não há dúvida de que o Brasil tem propensão e lhe falta capacidade nas estruturas de gestão e de adoção de modelos adequados ao desenvolvimento baseado na competitividade, de produtos, processos e serviços, para além do consumo doméstico.
Tanto o país tem propensão para inovar que estão aí para prová-lo os casos da Embraer e do agronegócio.
JPEG - 132.1 kbTattegrain Francis (1852-1915) 
Retornando de pesca em Berck de 1878 
Óleo sobre tela - 176,5 x 135,4 centímetros 
Senlis, o Museu de Arte e Arqueologia 
Foto: Museu de Senlis

Falta-nos, de verdade, uma concepção ousada, nova, refundadora da nossa ambição no mundo e de nosso papel para nós próprios diante dos desafios de bem-estar social e cultural de nossa população.
Propensão não falta. Falta, contudo, a gestão que a transforme de força em tendência e de tendência em condição estrutural para a realização do novo. Falta uma gestão inovadora para o país.

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