
21 de março, o que o Brasil tem a comemorar na luta contra discriminação racial?
Março é o mês do combate ao racismo e, nesta quinta-feira, 21, o mundo comemora o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU). Apesar de a discussão sobre a igualdade social entre todas as raças estar presente nas pautas governamentais, atualmente, o preconceito persiste, mostrando que ainda há muito a ser debatido e posto em prática, dizem os estudiosos. Nesta quarta-feira, 20, iniciamos o "UFPA em Série: Contra a discriminação racial". São quatro reportagens, que abordam as lutas dos movimentos sociais, as questões raciais na Educação, o sincretismo e as tradições das religiões afro no Pará, além de contar um pouco da história dos negros no Estado, seus costumes e as maneiras como eles se estabeleceram em solo paraense. Nesta primeira reportagem, vamos mostrar como estamos vencendo a discriminação e o que falta para melhorarmos. Boa leitura!

Falsa igualdade - No Brasil, há a crença de que o preconceito já foi explícito, mas, hoje, é uma prática velada. A professora contesta esta máxima ao dizer que o preconceito sempre esteve presente nas entranhas da sociedade. “O racismo desde sempre foi velado, o Estado brasileiro nunca aceitou a presença dele”, sentencia. “A grande crença que foi construída é que esse país é uma democracia racial, então, o racismo nunca pareceu ser uma mazela que impedia o desenvolvimento da nação brasileira. Como persiste desde o período colonial em nossa sociedade, ele se entranhou em todas as instituições do Estado. O racismo se instalou até dentro de instituições, como a Universidade, onde se encontra arraigado dentro das regras e normas”, assegura.
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Grupos de luta - Os movimentos sociais cobravam, há décadas, que o Estado brasileiro colocasse em prática medidas contundentes contra o racismo, mas foi só recentemente, nos anos 90 , que o Brasil aceitou a existência de racismo no País perante a comunidade internacional, até então, todos os relatórios oficiais sugeriam que todos os povos, aqui, viviam em harmonia.
Em 20 novembro de 1995, houve em Brasília uma marcha do movimento negro pela cidadania e pela vida, na data de comemoração dos 300 anos de Zumbi dos Palmares. Só então, a questão da discriminação racial foi entrando, timidamente, na agenda do Estado brasileiro.
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Esses estudos mostraram que negros e índios caminhavam tão à parte do tecido social que eles passavam despercebidos pela população. Foram esses estudos que deram subsídios para os movimentos negros trabalharem contra a crença da democracia racial. Desde então, o movimento vem desmascarando o racismo e criando símbolos de luta.

O que precisa ser feito - A professora Zélia Amador afirma que este dia serve para lembrarmos a história e não a repetir. Segundo a pesquisadora as ferramentas de combate à desigualdade racial
são as políticas. “O Estado precisa ser proativo para que o que está previsto em lei seja posto em prática, o movimento negro auxilia quando monitora os problemas e aponta caminhos, mas a responsabilidade é do Estado e de todas as instituições que o compõem, inclusive as universidades.”

UFPA discute a questão racial – O Grupo de Trabalho Afro-Amazônico, coordenado pela professora Zélia Amador, tem a missão de reunir professores, estudantes e técnicos que trabalhem a temática, buscando fazer propostas, muitas delas já postas em prática. As cotas raciais e o processo seletivo especial para quilombolas são propostas elaboradas pelo Grupo.

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