segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Informes Academicos e capacitações

 

ICB - Pós-Graduação em Ecologia Aquática e Pesca: Seleção de doutorado

Vagas: 17.
Inscrição: até 27 de janeiro de 2011, conforme edital.

O Calendário Acadêmico 2011 da UFPA- Soure aprovado pelo CONSEP, com o objetivo de orientar a comunidade acadêmica, apresenta informações importantes para a comunidade universitária, como períodos letivos, feriados, processos seletivos da Instituição, prazos para as práticas e efetivação das atividades acadêmicas dos cursos de graduação, dentre outras.
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Resumo das Ações do Calendário Acadêmico 2011
AÇÕES1º Período letivo2º Período letivo
Total de dias letivos
49 dias
100 dias
Período de Aulas
03/ Jan a 28/Fev
01/Mar a 30/Jun
Matrícula
12/12/10 a 5/1/11
07/02 a 28/02/2011
Trancamento
12/12/10 a 5/1/11
08/02 a 28/02/2011
AÇÕES3º Período letivo4º Período letivo
Total de dias letivos
49 dias
100 dias
Período de Aulas
01/ Jul a 27/Ago
33/Ago a 21/Dez
Matrícula
20/06 a 02/07/11
07/02 a 28/02/2011
Trancamento
21/06 a 02/07/11
02 a 20/08/2011



Feliz Ano Novo

O Mercado Ver-o-Peso foi construído na cidade de Belém, em 1687. Primeiramente, foi utilizado como um posto de pesagem de cargas embarcadas e desembarcadas por navios no porto que ficava na área, para a arrecadação de impostos entregues à coroa portuguesa. O espaço também era utilizado como um ponto de venda de produtos da fauna e flora amazônicas, além de artesanato e, mais contemporaneamente, produtos industrializados.
O Ver-o-Peso também é um espaço onde acontecem diversas relações econômicas e socioantropológicas, analisadas no livro Ver-o-Peso: Estudos antropológicos no mercado de Belém, organizado pela professora Wilma Marques Leitão, do Laboratório de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais da UFPA. A publicação reúne um ensaio fotográfico e dez artigos escritos por professores de Ciências Sociais e estudantes de graduação e pós-graduação que tiveram o Mercado como objeto de pesquisa para seus trabalhos de conclusão de curso e dissertações de mestrado.
Alguns dos artigos reproduzidos no livro compõem um projeto da Faculdade de Ciências Sociais, o qual estuda os mercados populares de Belém. "O Projeto, coordenado pela professora Carmem Izabel Rodrigues, é inscrito no Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e já realizou eventos, como o Seminário Regional de Mercados Populares, que contou com a participação de pesquisadores de diversas instituições, inclusive da Itália, os quais vieram à UFPA apresentar resultados de suas pesquisas", explica a professora Wilma Leitão.
O livro foi lançado em 2010, na 27ª Reunião da Associação Brasileira de Antropologia, que aconteceu na UFPA. Esteve presente na Feira Pan-Amazônica do Livro, na Bienal de São Paulo e no II Encontro Norte da Sociedade Brasileira de Sociologia. Também está prevista uma cerimônia de lançamento no Complexo do Ver--o-Peso.
Para a professora, o Mercado é um importante campo de pesquisa não só pela facilidade de acesso, mas também por fazer parte do imaginário paraense. "Estamos cercados pelo Ver--o-Peso por todos os lados. Muitas propagandas divulgadas em Belém, por exemplo, mostram o Mercado como cenário. Os noticiários locais têm, ao fundo, imagens do Mercado de Peixe. É interessante notar que as pessoas vão ao Ver-o-Peso fazer compras, mas, quando voltam como pesquisadores, a reação não é a mesma: 'Nossa! eu sempre vinha aqui, mas nunca tinha prestado atenção nisso', despertando, então, nos estudantes, a análise sociológica", explica a professora.

Solidariedade marca relação entre trabalhadores

"Pescadores, balanceiros, vendedores de café: os trabalhadores da pedra do peixe" é um dos artigos do livro, escrito por um estudante de graduação em Ciências Sociais. Márcio Corrêa enfoca, em seu trabalho, a organização do comércio de peixe no Ver-o-Peso, o que acontece, principalmente, na "pedra do peixe", calçada lateral direita do porto pesqueiro, onde atracam os barcos para desembarque de mercadoria.
A comercialização do pescado nessa área envolve, pelo menos, nove categorias de trabalhadores, entre pescadores, geleiros, geladores, balanceiros, viradores, peixeiros, carregadores, feirantes, e mais os caminhões frigoríficos que compram os peixes, até os vendedores de embalagens de papelão. O primeiro passo da cadeia de comercialização é a chegada dos barcos de pescadores ao porto. O desembarque da mercadoria é feito pelo geleiro, encarregado pela venda, com a ajuda de tripulantes e geladores, que são pescadores especializados na conservação dos peixes dentro das embarcações.
Os peixes são transportados do barco até à pedra em caixas de plástico chamadas "basquetas". Por uma tábua, o pescado é entregue aos viradores, subordinados ao balanceiro e responsáveis por guardar seus equipamentos e montar a balança para a pesagem da mercadoria. A próxima etapa fica por conta dos carregadores, que levam, na cabeça, caixas de peixe já compradas pelos peixeiros (vendedores do Mercado de Ferro), feirantes de outros mercados e caminhões frigoríficos de restaurantes e supermercados.
O balanceiro é o personagem responsável por intermediar a venda da mercadoria. Ele negocia com os possíveis compradores, faz a cobrança e o pagamento dos pescadores. Segundo Márcio Corrêa, os balanceiros, muitas vezes, são acusados como controladores da produção e responsáveis pelo aumento do preço do pescado no Ver-o-Peso e por entraves no processo de venda. Entretanto, para a professora Wilma Leitão, a relação entre pescadores e balanceiros é de complementaridade e solidariedade, não só de competição.
Segundo a professora, em um depoimento coletado no Mercado de Ferro, um dos peixeiros chama os balanceiros de ‘nossos parceiros’. "A produção pesqueira tem dois momentos diferentes, o momento da pesca e o da venda, e não é a mesma pessoa que se ocupa deles. Para o pescador, está muito claro que ele pesca, mas outra pessoa vende. No caso do Ver-o-Peso, é o balanceiro".

Tombamento e patrimônio

O Complexo Paisagístico e Urbanístico do Ver-o-Peso foi tombado, em 1977, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por conter um conjunto de igrejas, palácios, casas e outras edificações de influência europeia, os quais formavam a identidade arquitetônica de Belém. Na gestão de Edmilson Rodrigues (1996-2004), houve forte campanha política para transformar o Mercado em patrimônio histórico da humanidade, inclusive com a reforma do espaço, feita entre 1997 e 2004.
O modo como se faz o registro de patrimônios históricos no Brasil e os benefícios que essas ações poderiam trazer para a população que utiliza o Ver-o-Peso como espaço de trabalho, moradia e compra são assuntos discutidos no artigo Patrimônio cultural: o discurso oficial e o que se diz no Ver-o-Peso, escrito pela professora Maria Dorotéia de Lima.
De acordo com a professora, Dorotéia Lima, os trabalhadores do Ver-o-Peso veem o tombamento e o registro do Mercado como patrimônio histórico ligado à conservação das edificações, que não podem ter sua estrutura modificada. Ainda para alguns mercadores, essas práticas são avaliadas de forma negativa, já que, segundo eles, os prédios tombados se deterioram por falta de manutenção, mas poderiam dar lugar, por exemplo, a casas para pessoas desabrigadas, caso fossem demolidos.
A discussão sobre patrimônio histórico esbarra em uma nova concepção, que é a do patrimônio imaterial, aquele constituído pelo conhecimento de populações tradicionais, manifestações culturais e outros bens que não podem ser mensurados fisicamente. "Hoje, não se fala mais em tombamento, porque ele pressupõe que as coisas ficarão para todo o sempre de um jeito. Hoje, se fala em medidas de salvaguarda. As referências culturais do Ver-o-Peso são, também, as práticas não edificadas, os modos de fazer, as expressões, as celebrações, os lugares. Você tem, ali no Mercado, uma série de bens, de conhecimentos que não há como tombar. É essa a ideia que a professora Dorotéia discute em seu artigo", explica a professora Wilma Leitão.
O livro também aborda outros temas, como a divisão do trabalho por gêneros masculino e feminino, as relações raciais no mercado, a propriedade intelectual e preservação dos conhecimentos tradicionais, as comemorações religiosas, a violência cultural e as representações do Ver-o--Peso em sambas-enredo das Escolas de Samba do Pará e do Brasil.

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